As cores vívidas dos corais, aos poucos, dão lugar a sedimentos esbranquiçados que deixam as colônias com um aspecto uniforme. O que era vida e um dos elementos essenciais para o ecossistema marinho, torna-se uma massa amorfa e sem vida.
Um dos principais berços de biodiversidade marinha do Atlântico Sul, a região de Abrolhos, entre o sul da Bahia e norte do Espírito Santo, enfrenta um cenário de morte em massa da espécie Millepora, conhecida como coral-de-fogo.
Os dados foram colhidos entre 16 de junho e 05 de julho em oito localidades dos municípios de Prado e Santa Cruz Cabrália, no extremo-sul da Bahia, por pesquisadores da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e do AquaRio (Aquário Marinho do Rio).
O levantamento apontou para a morte de 90% dos corais-de-fogo da região, incluindo colônias de mais de 80 anos. O fenômeno aconteceu de forma rápida e coloca em risco até um quarto da biodiversidade de corais na região.
Além da morte dos corais-de-fogo, os pesquisadores também identificaram evidências de outros tipos de corais que estão doentes ou em estágio avançado de branqueamento. Neste processo, as algas que vivem dentro do coral produzem compostos tóxicos e acabam sendo expulsas de dentro deles.
Como cerca de 80% do alimento dos corais vêm das próprias algas, por meio da fotossíntese, eles perdem sua principal fonte de energia. “É um cenário muito grave. Passamos do sinal verde para o vermelho sem sequer passar pelo amarelo”, afirma Gustavo Duarte, pesquisador da UFRJ e do AquaRio.
Segundo os pesquisadores da UFRJ e AquaRio, a morte dos corais é resultado de uma anomalia climática nas águas da região, resultado do aquecimento do planeta que se reflete na temperatura das águas dos oceanos.
Desde 1998, já aconteceram seis episódios de aumento da temperatura média das águas do litoral brasileiro com impactos nos corais do litoral.