Integrantes de um grupo liderado pelo prefeito Marcelo Angênica e pelo latifundiário Jorge Almeida, denominado “Amigos de Itamaraju”, conseguiram derrubar na justiça os artigos da Lei Municipal N°583, criada em 2001, e que limitava o plantio de Eucalipto nas terras do município.
A decisão foi publicada no Diário Oficial da Justiça, proferida em um Mandado de Segurança impetrado em 2018, onde alguns proprietários de imóveis rurais ligados ao prefeito de Itamaraju questionavam a lei que estipulava o limite de 5% das propriedades do município para cultivo do Eucalipto.
A notícia não agradou a maior parte da população itamarajuense que esta insatisfeita com a chegada do “Deserto Verde”. A liberação do plantio de eucalipto vai gerar uma série de problemas a cidade. Dentre os quais se destacam as indicadas abaixo:
• Desertificação do clima e de solo: já que as grandes florestas como as de eucalipto necessitam de uma enorme quantidade de água, para se ter uma idéia, cada pé de eucalipto necessita, para crescer satisfatoriamente, levando-se em conta o rendimento econômico, de aproximadamente 30 litros de água por dia, o que vai acabar gerando um grande déficit hídrico.
• Ressecamento do solo e maior exposição à erosão: como o eucalipto está sendo plantado visando-se unicamente uma maior viabilidade econômica possível, depois de alguns anos a plantação é cortada, deixando o solo empobrecido e exposto a erosão, causando enormes impactos ambientais na região onde estava sendo cultivada a floresta. Outro problema é que, para se tentar recuperar áreas tão degradadas como essas, são gastas enormes quantias de dinheiro por parte das autoridades competentes;
• Diminuição da biodiversidade: como acima citado, as florestas de eucalipto são cultivadas priorizando somente um retorno econômico. Assim sendo, não são cultivadas juntamente outras espécies de vegetais, o que diminui a diversidade vegetal da região de floresta, já que a mesma também impede que gramíneas e pequenos arbustos cresçam e se desenvolvam, embora quando estejam pequenas, as árvores do eucalipto, não forneçam um bloqueio radiação solar como quando estão grandes. Outro problema é a falta da diversidade da fauna, já que os únicos animais que conseguem sobreviver nesses tipos de florestas são “formigas e caturritas (aves predadoras de lavouras que usam as árvores de eucalipto como abrigo, mas não se alimentam delas)”;
• Especialização da atividade produtiva: esse problema se deve ao fato de o cultivo de grandes áreas de eucalipto serem dedicadas somente à monocultura e altamente especializada, gerando grande desemprego em algumas regiões;
• Transformação da paisagem: algumas áreas de plantação de eucalipto atingem regiões de ecossistemas em risco, o que acaba transformando a paisagem do local, perdendo estas características peculiares de como já citado, também parte de sua tradição. Estes ecossistemas estão sendo muito ameaçados.
- Gera a ruptura de duas tradições produtivas: a pecuária, realizada principalmente nos latifúndios, e a produção da agricultura de subsistência ou agricultura familiar, realizada nos interstícios das grandes propriedades.
• É mais um obstáculo à reforma agrária naquela região;
• Modelo de concentração da terra, de capital e da renda;
• Modelo exportador, cujos impostos já estão todos desonerados pela lei Kandir, contribuindo muito pouco para os cofres públicos dos municípios e do Estado;
• Não gera emprego;
• Gera vazios populacionais;
• O plantio de culturas anuais em consórcio, com o eucalipto, apregoado pelas empresas, só é possível nos dois primeiros anos, pois nos anos subseqüentes a competição por luz, água e nutrientes, inviabiliza as culturas anuais.
• Os investimentos nas grandes fábricas de celulose estão desvinculados da matriz produtiva já existente, instalada na região.