A https://sigaanoticia.com.br/wp-content/uploads/2021/11/estudos-1.gifistração do médico Marcelo Angênica (PSDB) completa dois anos no comando da gestão municipal de Itamaraju. No balanço do governo, dentre os minúsculos avanços notados quase que exclusivamente na área de infra-estrutura, a população acompanha perplexa a instalação do quase que completo caos na saúde pública e dezenas de denúncias de supostos casos de corrupção que ainda poderão levar o prefeito à cassação.
No início de 2017 as primeiras denúncias revelavam um suposto esquema de empresas fantasmas, uma delas montada pelo Secretário de Administração, Leo Oss, que utilizou o nome de familiares e funcionários de sua empresa para montar outra que chegou a ter contrato assinado com a prefeitura municipal, sendo derrubado após as denúncias.
No mesmo ano Leo Oss também foi acusado de alugar sua frota de veículos para a prestação de serviços de limpeza pública no município. Para dar legalidade ao esquema, o secretário utilizou empresas fantasmas sediadas na cidade de Caravelas, uma delas foi denunciada por funcionar em uma casa abandonada onde servia de ensaio para uma banda musical.
No fim de 2018 Leo Oss se viu em meio a mais uma denúncia. O ex cantor de barzinho e atual secretário foi apontado como o suposto novo comprador do posto de gasolina da Rede Flecha localizado na Br 101 em Itamaraju. Após o vazamento da suposta negociação que teria sido de R$ 8 milhões, Léo Oss chegou a ter um princípio de infarto e acabou tendo que ser transferido com urgência para um hospital particular na cidade de Teixeira de Freitas.
Nas obras públicas o gestor municipal foi denunciado por ter quase que abandonado o interior do município e até os bairros periféricos, concentrando as poucas ações no centro da cidade. Nesse setor há indícios de superfaturamento em uma obra de asfaltamento na região central do município, onde segundo a denúncia protocolada pelo vereador Evando Rodrigues no Ministério Público Estadual, o prefeito Marcelo Angênica e seu secretário de obras, Antonio Charbel, teriam efetuado o pagamento de serviços que foram realizados por homens da prefeitura, além de realizar o pagamento de ruas que se quer haviam sido asfaltadas. Ainda pesa contra o setor de obras a denúncia de um esquema de locação de maquinas e veículos, a maior parte deles seria de propriedade de vereadores, secretários e de servidores apadrinhados pelo prefeito.
A população ainda acompanhou ao longo desses dois anos os inúmeros escândalos protagonizados pelo ex vereador e atual Secretário de Saúde, Elan Wagner, que se utiliza do apelido do pai e se apresenta como “Elan de Lozinho”. Além da notória precarização do atendimento nos postos de saúde e no próprio hospital, o secretário ainda foi denunciado no Ministério Público Federal acusado de integrar um esquema apelidado de “Máfia dos Combustíveis”, onde supostamente teria sido desviado mais de R$ 300 mil dos cofres do município com a venda de notas de gasolina e diesel destinadas a abastecer ambulâncias.
Elan também foi acusado no esquema da compra do Raio-x digital, que teria sido superfaturado em mais de R$ 100 mil. Após a denúncia o esquema foi desmantelado e o aparelho verdadeiro foi entregue no hospital. A saúde finalizou o segundo ano da gestão com completo caos com descredenciamento e fechamento de Postos de Saúde, encerramento das atividades do serviço de fisioterapia, alem do bloqueio de recursos por parte do Ministério de Saúde para o serviço de especialidade odontológica.
A gestão municipal também sofreu dezenas de Ações Civis Públicas protocoladas pelo Ministério Público buscando resguardar o direito de pacientes que tiveram medicamentos e exames negados. Em alguns casos a justiça chegou a condenar o prefeito e secretário ao pagamento de multas diárias por descumprimento, e mesmo assim nem Elan e nem o prefeito municipal cumpriram algumas ordens judiciais, a exemplo do caso da esposa do professor Roque que chegou a falecer antes mesmo de iniciar o tratamento.
Na assistência social a população acompanhou a primeira dama e secretária, Fabiana Angênica, sair de férias e ir curtir na Europa poucos meses após ter assumido a pasta, mesmo em meio a graves problemas com o encerramento de convênios e a perseguição à instituições da sociedade civil, a exemplo da Apae que chegou a ameaçar fechar a portas por conta da dificuldade de diálogo com a gestão que retirou grande parte do suporte que era dado à instituição.
Na minúscula Secretaria de Governo, comandada pelo ex petista, Dalvadisio Lima, não foi possível notar qualquer atividade que pudesse justificar a existência da pasta, sem ações realizadas durante esses dois anos. Por outro lado, o secretário é acusado de utilizar sua influência para formalizar um contrato entre a Câmara Municipal e sua emissora de rádio que transmite as sessões, em troca de uma cota de empregos na prefeitura destinada para familiares de vereadores.
Outras empresas da família de Dalvadisio também mantém contratos com a prefeitura, a exemplo da Construtora Lima e já teria faturado quase R$ 3 milhões em contratos.
Nas finanças é possível ver a ingerência do secretário Fábio Lopes que não conseguiu equilibrar as contas públicas, especialmente no controle de gastos com pessoal. Ele é acusado de inflacionar as contas públicas com a concessão de altas gratificações a apadrinhados do prefeito, vereadores e até secretários.
O município extrapolou, pelos dois anos, o limite de gastos com pessoal, fato que poderá ocasionar a rejeição das contas do prefeito no Tribunal de Contas (TCM).
Ainda há denúncias de pagamentos irregulares e por caixa dois, realizados pelo setor de finanças, a exemplo de pagamentos realizados ao cunhado do prefeito e de um suposto esquema montado para a compra de uma usina de asfalto e que foi denunciado ao Ministério Público Estadual. Fábio da Minas, que é comerciante e já foi dirigente da CDL, hoje já não tem apoio do setor. O secretário acabou sendo responsável pela elaboração de um projeto de Lei que alterou o código tributário inflacionando em mais de 500% algumas taxas, a exemplo de iluminação pública e alvarás, além de um dos comandantes responsável pela realização de festas milionárias com indícios de superfaturamento, fato que era criticado por ele quando fazia parte da diretoria da CDL.
A agricultura, que apesar de ser umas apostas da gestão que foi apoiada por grandes produtores rurais, hoje agoniza com o menor orçamento da gestão. Sem pessoal e estrutura, o secretário da pasta, Ivan Favarato, tem se limitado a participar de eventos agropecuários, sem conseguir grandes investimentos para o município. Produtores reclamam do total abandono das estradas que impedem que a produção agrícola possa ser escoada, além da falta de assessoria técnica. A pasta também é acusada de tentar forçar o plantio de eucalipto em Itamaraju, ação defendida pelo secretário, prefeito e pelo presidente do PSDB, o latifundiário Jorge Almeida.
Na educação a população acompanhou ameaças de greve de professores e denúncia de suposto superfaturamento na licitação do transporte escolar. A proprietária da Viação Itamaraju, que concorreu no pregão, chegou a divulgar áudios nas redes sociais relatando que a licitação tratava-se de um “jogo de cartas marcadas “. Mesmo assim o prefeito formalizou o contrato com a empresa LN Transportes, que pertence ao vice prefeito afastado do município de Santa Luz.
Ainda na educação a população ficou chocada ao perceber que além do carro do prefeito que aparecia na lista de veículos locados, quase 10 ônibus sucateados e sem funcionar mesmo assim apareciam na lista diária de abastecimento, provavelmente causando um prejuízo de mais de R$ 250 mil aos cofres municipais. Uma denúncia chegou a ser protocolada no MP que deve se pronunciar sobre o caso.
O setor de Meio Ambiente também foi acusado de negligenciar a fiscalização da construção de condomínio no bairro Bela Vista e que pertenceria a Jorge Almeida e a outros investidores secretos. Várias denúncias chegaram a ser protocolas por membros do Conselho Municipal do Meio ambiente que relataram a destruição de várias nascentes existentes na área.
Sem muita esperança a população aguarda alguma melhoria ao menos nos setores que foram as principais promessas de Marcelo Angênica, a exemplo da saúde pública que agoniza junto com os pacientes.