Numa iniciativa do vereador Marcão da CUT (PT), foi realizada uma audiência pública para debater os impactos socioambientais com a possível exploração em larga escala da monocultora do eucalipto em Itamaraju. O evento ocorreu no auditório da Câmara Municipal, com a participação de representantes de vários segmentos sociais.
O movimento surgiu após uma decisão Judicial da Vara Cível da Comarca de Itamaraju, que em caráter liminar concedeu a um fazendeiro do município um mandado de segurança, autorizando-o a promover o cultivo de eucalipto para fomento em sua propriedade rural, localizada nas imediações do distrito de Campo Alegre.
A ação foi movida contra a Secretaria Municipal de Agricultura, Meio Ambiente e Turismo, que teria negado ao fazendeiro a Certidão de Uso e Ocupação do Solo para exploração da monocultura.
O indeferimento do pedido por parte do Secretário Municipal, Ivan Favarato Filho teve como fundamento a lei municipal 583/2001, que limita o plantio de eucalipto no território itamarajuense. De acordo com a lei, 5% da propriedade rural pode ser utilizado para tal finalidade. O secretário foi convidado ao debate, mas não compareceu.
No evento, o ex-vereador Joel Lacerda, autor da Lei que limita o plantio de eucalipto em Itamaraju, criticou a decisão judicial que concedeu o mandado de segurança ao fazendeiro, destacando que houve uma ampla consulta popular no momento da aprovação da Lei. Na oportunidade, ele fez um apelo a sociedade a se unir em torno de debates que esclareçam os prejuízos ambientais e sociais causados pela monocultura.
O deputado estadual Marcelino Gallo (PT), presidente da Frente Parlamentar Ambientalista da Bahia e engenheiro agrônomo especialista em Desenvolvimento Rural, também defendeu a realização de debates em torno do assunto “para que todos tenham conhecimento dos malefícios causados pelo eucalipto”.
O parlamentar citou a pulverização aérea da plantação como uma das reações adversas provocadas pela monocultura. “Essa prática não é recomendada pela União Europeia, porque é nociva ao ser humano”, disse o palestrante.
Convidada também para explanar em torno da polêmica, a educadora Ivonete Gonçalves, mestre em Saúde Pública e conselheira do Centro de Estatística e Pesquisa do Desenvolvimento Sustentável (Cepedes), em Eunápolis, afirmou que o empobrecimento da terra em virtude a expansão do plantio de eucalipto está aumentando o êxodo rural. “Só no município de Eunápolis, mais de sete mil famílias abandonaram o campo”, afirmou.
Participaram ainda da mesa as professoras Maristela Cunha, do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), e Eliane Ramos, da Escola Popular de Agroecologia; os sindicalistas João Climário, coordenador regional da CUT (Central Única dos Trabalhadores) e Carlos Eduardo Coimbra, diretor do Sindicato dos Bancários do Extremo Sul da Bahia; a advogada Marli Oliveira, representante da organização Terra Viva; o preletor Raimundo Costa, da Seicho-No-Iê, o pregador Erisvaldo Gomes, presidente da Associação dos Pastores Evangelicos de Itamaraju (Apei); e os vereadores Marcão da Cut (PT), Evando Rodrigues (SD) e Egnaldo Fernandes (PSDB).