Foi aberta no último sábado 7, a exposição em homenagem ao centenário de Frans Krajcberg no Museu Brasileiro da Escultura e da Ecologia (MuBE-SP), em parceria com o Instituto do Patrimônio Histórico e Cultural da Bahia (Ipac). “Frans Krajcberg: por uma arquitetura da natureza” vai até 31 de julho e tem curadoria de Diego Matos, curador-chefe do Museu.
A mostra conta com obras vindas de diversos lugares como do Sítio Natura, em Nova Viçosa no extremo sul baiano, onde o artista realizou grande parte de sua produção, além de obras de coleções privadas e museus. Ao todo são cerca de 160 trabalhos entre esculturas, pinturas, desenhos, gravuras e objetos.
O centenário do artista e ambientalista ocorreu em 2021 e é comemorado nesta exposição, trazendo toda a sua potência e diversidade, além de incluir sua produção artística que se conecta com a natureza e seu ativismo ecológico, sem perder de vista um olhar histórico que apresenta em totalidade seu apuro técnico, conceitual e ambiental. A exposição marca também o início dos trabalhos de preservação, conservação e divulgação do acervo e do Sítio Natura, doados pelo artista ao Governo da Bahia, com os quais o MuBE está cooperando.
Escultor, pintor, gravador e fotógrafo polonês, naturalizado brasileiro, Frans Krajcberg (1921-2017) tem na grande maioria de suas obras esculturas feitas de troncos e raízes carbonizadas recolhidas em desmatamentos e queimadas, denunciando a devastação do meio ambiente.
“Foi a partir desta parceria com o IPAC e com a ajuda de todos os conselheiros do museu, mecenas e apoiadores que conseguimos organizar esta megaexposição, porque foi necessária uma conjunção de esforços e pessoas muito única”, comenta Flavia Velloso, presidente do MuBE.
Para João Carlos de Oliveira, diretor geral do IPAC, “deixamos, hoje, Krajcberg muito feliz com a dinamização do seu acervo. O projeto que a Bahia está pensando para o artista é muito grande; ainda temos companheiros e restauradores no sítio em Nova Viçosa”. Faz parte ainda do acordo entre o IPAC e o Museu a publicação de 4.500 exemplares de material educativo sobre a mostra, Frans Krajcberg e o Sítio Natura, que serão distribuídos para os estudantes da rede pública municipal e estadual de Nova Viçosa.
Diego Matos, curador da mostra, expressou o que há de melhor na exposição: “Dar oportunidade a um público mais amplo de acessar a obra de Frans Krajcberg sem os clichês que eram dados à produção dele e levando ao Brasil como um todo, possibilitando a leitura e a construção de perspectivas históricas sobre a obra do artista que ainda não tinham sido dadas”, afirma. “Além de ser um grande artista, Krajcberg é um precursor no Brasil da ideia do ambientalismo, do ativismo, ambiental e socioambiental. Outro aspecto interessante é a escolha, por um imigrante europeu vindo do pós-guerra, judeu, de viver no Brasil.
Como estrangeiro, ele passa a olhar para espaços de invisibilidade no Brasil, lugares que nós não cuidamos. Ele, neste processo de ativismo, constrói um sítio importantíssimo, em Nova Viçosa, ativa uma comunidade, não só do trabalho artesanal, mas também pessoas com consciência ecológica, e desenvolve isso com repercussão internacional. Tudo isso ao mesmo tempo, pois trata-se de um artista longevo, como podemos ver na exposição, que traz obras datadas da chegada dele ao Brasil, ainda dos últimos anos dele na Europa e toda a produção escultórica dele que chamo de arquitetura da natureza. É uma explosão de escala hoje ocupando o Museu Brasileiro da Escultura e Ecologia, o MuBE”, prossegue.
Para esta exposição, o MuBE traz em sua área externa um pouco da atmosfera do Sítio Natura de Nova Viçosa para São Paulo, através de cenografia com duas carcaças de baleia emprestadas do acervo do artista e paisagismo com piso de areia e troncos que também vieram do Sítio.