O aparente dilema entre a variedade de atividades produtivas e a preservação de recursos naturais tem sua base na falta de conhecimentos sobre as relações entre os processos ecológicos, econômicos e sociais e pode ser resolvido com inteligência e vontade política. Essa é a conclusão de uma pesquisa realizada por cientistas sobre o uso do solo e os impactos ecológicos no Sul da Bahia.
Publicado na edição 66 da revista Journal of Nature Conservation, o estudo Landscape Transformations and loss of Atlantic Forests: challenges for conservation é assinado por Escarlett de Arruda Ramos, Felipe Micali Nuvoloni e Elfany Reis do Nascimento Lopes, vinculados ao Programa de Pós-Graduação em Ciências e Tecnologias Ambientais (PPGCTA) do Centro de Formação em Ciências Ambientais (CFCAM). Os estudos foram desenvolvidos no Laboratório de Geoprocessamento e Gestão Costeira (LabGGeC) e no Laboratório de Ecologia e Genômica Ambiental (LEGAM), ambos na UFSB.
As perguntas que os cientistas quiseram responder no estudo eram: Quanta vegetação nativa se perdeu na área mais conservada da Mata Atlântica na Bahia com políticas de desenvolvimento econômico, qual categoria econômica e antropogênica causou a maior perda de área florestal, e onde se situam os ganhos e as perdas na área da floresta. Com essas questões, o intuito foi saber quais atividades produtivas causaram os maiores impactos na Mata Atlântica, de modo que se possa localizar em que pontos da região o avanço de um ou outro ramo econômico está ligado a prejuízos na conservação de florestas nativas e nos serviços ecossistêmicos associados a elas, como o fornecimento de água e a integridade e a fertilidade dos solos, dentre outros.
A pesquisa consistiu no levantamento de atividades desenvolvidas nos municípios da região a partir de mapeamentos do uso do solo no Sul da Bahia, fazendo um recorte dos dados obtidos pelo projeto Mapbiomas a partir de classificação de imagens feitas pelo satélite Landsat, gerido pelo Serviço Geológico dos Estados Unidos e oferecido no Brasil via Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (INPE). A esses dados, referentes ao período de 1985 até 2019, os pesquisadores aplicaram o Índice de Transformação Antropogênica (ATI), que se refere ao grau de mudança que a ação humana provoca em um dado espaço. O trabalho incluiu também procedimentos de tabulações espaciais e cruzadas das transições do uso do solo e das dinâmicas de ganhos e perdas de cobertura da Mata Atlântica, bem como análises estatísticas em busca de