Considerando que a democracia é também “o povo não passar fome”!” e entendendo o acesso a alimentação como um direito humano fundamental à toda população brasileira, entre dezembro de 2022 e o último dia 10 de janeiro, o MST promoveu diversas ações de doação de alimentos saudáveis à população por todo país, por meio da Campanha Natal Sem Fome e Solidário.
Durante esse período, as famílias Sem Terra doaram cerca de 100 toneladas de alimentos, aproximadamente 1.150 cestas e 3.200 marmitas, preparadas com produtos da Reforma Agrária em todas as regiões do país.
A dirigente nacional do MST, Cristina Vargas, avalia que a Campanha Natal Sem Fome e Solidário é mais uma demonstração do compromisso que o MST tem cultivado nos últimos 40 anos, na conscientização e organização da solidariedade. “A Solidariedade é mais do que um ato de doar alimentos, mas é justamente um processo de organizar, de cultivar a consciência e a ação política para o enfrentamento daquilo que é mais vital pra vida humana, que é o enfrentamento da fome.”
Os alimentos e produtos entregues à população em situação de vulnerabilidade e fome durante a campanha foram cultivados nos territórios do MST em todo país, como assentamentos e acampamentos, por meio de associações, cooperativas e grupos de famílias Sem Terra, que se organizaram para produzir e compartilhar uma parte do que produzem com a sociedade.
As doações fazem parte do Plano Nacional “Cultivando a Solidariedade Sem Terra”, que desde 2020 já distribuiu pelo menos 8,2 mil toneladas de alimentos e mais de 2,3 milhões de marmitas para famílias em situação de fome e insegurança alimentar em todo país.
Solidariedade Sem Terra
A iniciativa da “Solidariedade Sem Terra” vem sendo construída pelo MST, conjuntamente com outros movimentos populares, organizações, entidades e parceiros do campo e da cidade. A campanha contou com uma agenda nacional de ações para o enfrentamento e combate à fome, que para além das doações atuou no processo organizativo dessas ações, com mutirões de solidariedade, plantios coletivos, entre outros. Promovendo um verdadeiro trabalho de base, mediante debates e diálogos com a sociedade sobre o problema da fome, que já soma mais de 33 milhões de pessoas no Brasil, segundo pesquisa da Rede PENSSAN 2022; e a destruição de políticas públicas de subsistência promovidas pelo governo Bolsonaro e os desafios de como superar essa conjuntura a partir da força popular.
Cristina pontua que o Plano Nacional “Cultivando a Solidariedade Sem Terra” demonstra a preocupação dos Sem Terra com a problemática da fome e como a solidariedade é cultivada no MST, como um valor fundamental no conjunto da luta pela Reforma Agrária Popular.
“A gente não entende a doação de alimentos, a organização de um Natal Sem Fome sem um processo intenso de organização do conjunto da nossa base. O ato de plantar, colher e doar é um ato também de poder compartilhar aquilo que a gente tem de mais precioso e vital para a organização, que é o processo de solidariedade dentro de uma demonstração de organização”, afirma.
Nesse contexto, em que o aumento da fome no país se tornou uma das principais questões a ser combatida pela organização popular, na busca por políticas públicas, a dirigente considera que o MST “demonstra, mais uma vez, que esse cultivar de 40 anos, não é algo pontual, mas um valor que vem sendo despertado permanentemente, pra conseguir combater e enfrentar as questões que afligem a classe trabalhadora. Pra isso é necessário, principalmente um processo de organização política”, conclui Cristina.