Nos últimos meses, o povo Pataxó vem enfrentando uma escalada de violência, que atinge não só suas lideranças, mas também sua juventude. “Não é mais só liderança. Hoje qualquer um que sair do território está suscetível a morrer”, afirma Suruí Pataxó, cacique da aldeia Barra Velha.
Em poucos meses, quatro jovens indígenas foram assassinados nas Terras Indígenas (TIs) Comexatibá e Barra Velha do Monte Pascoal: Gustavo Silva da Conceição, de 14 anos, assassinado em setembro de 2022; Carlone Gonçalves da Silva, de 26 anos, assassinado em outubro; e Samuel Cristiano do Amor Divino e Nauí Brito de Jesus, de 25 e 16 anos, assassinados em janeiro deste ano.
Com a demarcação das TIs Barra Velha do Monte Pascoal e Comexatibá paralisadas desde 2009 e 2014, respectivamente, e pressionados pelo agronegócio e pela especulação imobiliária, o povo Pataxó decidiu iniciar a autodemarcação do seu território no extremo sul da Bahia.
Enquanto avançam na luta pela terra e sofrem, inclusive, com uma campanha difamatória em grandes meios de comunicação, os Pataxó cobram do governo federal a proteção de suas comunidades e o avanço na demarcação de suas terras.
“Desde que perdemos nossas terras, estamos igual uma folha seca tocada pelo vento. A gente não tem sossego”, reflete Zé Fragoso, cacique Pataxó da aldeia Tibá.
“Sem terra, não tem saúde, não tem educação, não tem vida”, resume Ãgohó Pataxó, liderança da TI Comexatibá. “Queremos andar em nosso território livre”.
O vídeo, produzido pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi), apresenta depoimentos e imagens colhidas no território Pataxó em janeiro de 2023.