Na última segunda-feira, 28, a aldeia Tibá, situada na Terra Indígena (TI) Comexatibá, no município de Prado, foi palco de um grave conflito envolvendo a comunidade Pataxó e homens armados que invadiram o território. O episódio ocorreu em um contexto de crescente tensão após a recente reeleição do vereador Brênio Pires (Solidariedade), que prometeu avançar com um loteamento privado sobre a terra indígena.
O conflito começou no dia 21 de outubro, quando um grupo de mulheres Pataxó impediu a derrubada de cajueiros antigos por um operador de máquina, ação que provocou indignação entre as indígenas, que já enfrentaram diversas violações em seu território. “A mulherada não aguentou a pressão e partiu para a luta”, relatou uma das líderes, que preferiu não ser identificada devido a riscos de represálias.
O vereador Brênio Pires, junto com fazendeiros locais, como Genivaldo e André Gama, está diretamente envolvido na disputa pelo território, que é alvo de especulação imobiliária. Os Gama possuem lotes em um projeto de assentamento que sobrepõe a maior parte da TI Comexatibá, reconhecida oficialmente como terra indígena desde 2015. De acordo com as lideranças Pataxó, André Gama estava utilizando uma máquina para abrir uma estrada que facilitaria o acesso a um lote que havia vendido, o que gerou ainda mais revolta na comunidade.
Após a intervenção das mulheres para impedir o desmatamento, os homens armados apareceram no local, ameaçando as indígenas com armas. A situação culminou na detenção de dois homens, mas a comunidade ainda se sente vulnerável, temendo novas agressões. “Nós não vamos abrir mão do nosso território, porque território não se negocia, é como corpo, é sagrado. Nós vamos nos manter firmes na luta”, afirmou uma liderança.
A TI Comexatibá é constantemente ameaçada por interesses imobiliários e a instalação de empreendimentos turísticos, o que agrava a violência contra os Pataxó. Além do desmatamento, as mulheres da aldeia denunciaram a instalação de uma carvoaria e o descarte de lixo na área, resultando em uma “destruição total” do ambiente.
As mulheres Pataxó já haviam solicitado a presença da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e da Força Tarefa para segurança na região, mas expressaram insatisfação com a atuação da polícia. O histórico de violência contra os Pataxó, incluindo assassinatos de jovens da comunidade, aumenta a urgência por proteção e apoio.