Os assentados do Projeto de Assentamento Cumuruxatiba, localizado no município de Prado, Extremo Sul da Bahia, divulgaram na manhã desta quinta-feira 28, uma carta aberta à população local para esclarecer a situação que têm enfrentado em meio a ocupações de terras por indígenas das aldeias de Tibá e Cahy. Desde o início das ocupações, que começaram em 21 de outubro, os moradores têm buscado soluções pacíficas, mas as áreas continuam ocupadas, gerando tensão na comunidade.
Na carta, os assentados ressaltam que as terras foram oficialmente colonizadas pelo INCRA em 1987, e desde então, aproximadamente 150 famílias têm trabalhado arduamente em 4.500 hectares, transformando a região em um espaço produtivo. Os produtos cultivados por eles, como leite, queijo, maracujá, pimenta e cacau, são essenciais para a economia local e para a subsistência das famílias.
“Estamos preocupados, pois nosso sonho de ter um pedaço de terra e ser autossuficientes está se tornando um pesadelo. Anos de trabalho e dedicação estão em risco”, afrima um deles, destacando a importância da reforma agrária para suas vidas.
Os assentados expressaram compreensão pelo desejo dos indígenas Pataxó pela regularização da Terra Indígena Comexatibá, mas criticaram a autodemarcação, considerando-a uma violação da legislação vigente e dos direitos de propriedade dos assentados. “Acreditamos que existem formas de resolver essa situação respeitando todos os envolvidos”, afirmaram.
No comunicado, os assentados também enfatizaram que são contrários a qualquer forma de violência e não têm ligações com grileiros de terras. Eles se descrevem como cidadãos baianos que buscam dignidade e condições justas de trabalho, desejando viver em harmonia e respeito mútuo com as comunidades indígenas.
A carta aberta tem como objetivo mobilizar a comunidade de Cumuruxatiba em busca de apoio e conscientização sobre a importância de encontrar um caminho que preserve o modo de vida de todos os envolvidos. “Pedimos a compreensão e o apoio da comunidade para que possamos continuar contribuindo para a economia local e para a convivência pacífica entre todos”, concluem.