Valnei Pestana foi enfático: “O cacau é um produto extremamente saudável para a gente consumir enquanto alimento. É um dos mais saudáveis que temos hoje no mundo, potente em antioxidantes. O cacau só perde para a canela, entretanto, ninguém consegue comer canela. Você pode pulverizar um pouquinho no complemento de outro alimento, mas comer canela como se come chocolate não consegue”, finalizou o presidente da Câmara Setorial do Cacau da Bahia.
A capacidade antioxidante dos alimentos e substâncias é dada por um índice denominado ORAC – Oxygen Radical Absorbance Capacity. Um alto ORAC significa maior poder antioxidante do alimento. A semente do cacau possui uma das maiores concentrações já observadas de ORAC, comparando-se à encontrada nos chamados superalimentos, como o açaí e o blueberry.
Com base no ORAC, o percentual encontrado no cacau é de aproximadamente 640. Para se fazer uma comparação, a uva possui um ORAC que varia entre 40 e 60, e o vinho, um de seus produtos, é constantemente indicado para afinar o sangue e auxiliar no controle do colesterol. “O cacau é um alimento fabuloso para o consumo humano. Eu digo isso porque a nossa população, de modo geral, não tem ciência dessa informação”, ressaltou Valnei.
De fato, uma pesquisa de R. Sansone, publicada em setembro de 2015 no British Journal of Nutrition, mostra que o consumo diário de flavonóides do cacau, beneficia a função endotelial do indivíduo, que é ligada à manutenção da circulação sanguínea, regulação do tônus vascular, permeabilidade microvascular, sinalização e angiogênese vascular e resposta inflamatória. O estudo indica que o consumo diário de 450mg de flavonoides do cacau, realizado por pacientes de risco para doenças cardiovasculares, minimiza a porcentagem de eventos cardiovasculares.
Em outra pesquisa, essa da Columbia University Medical Center, adultos saudáveis, com idades entre 50 e 69 anos, receberam uma alta dose de flavonoide (900mg) ou baixa (10mg), através de uma bebida feita a partir do cacau. Após três meses, os pesquisadores avaliaram a função cerebral dos participantes e encontraram melhorias significativas na saúde daqueles que consumiram a bebida com alta dose de flavonoide.
Vale ressaltar que os benefícios não estão relacionados com consumo dos chocolates processados em geral, mas sim com o consumo do cacau “in natura”, nas formas de amêndoas (nibs), cacau em pó 100% ou chocolate com quantidades de cacau 70%. “A maior riqueza que a gente tem no produto cacau é justamente esse fator de qualidade do alimento humano”, concluiu Pestana.