Após 44 anos de trabalho em condições análogas à escravidão, uma mulher de 50 anos, identificada como Maria para preservar sua identidade, receberá uma indenização de R$500 mil em um acordo firmado com a família da patroa, intermediado pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) e pela advogada da vítima. A história de Maria, que começou na infância sendo entregue para trabalhar como empregada doméstica em uma família abastada em Porto Seguro, teve um desfecho positivo após anos de sofrimento.
Maria não possuía certidão de nascimento e trabalhou até a morte dos patrões, sem receber salário, apenas moradia e alimentação. Após a morte da patroa, passou a viver com um dos filhos da ex-empregadora, onde sofreu maus-tratos antes de buscar ajuda. Com o apoio de uma amiga, uma advogada e órgãos públicos como o Centro de Referência em Assistência Social (Creas) e o MPT, Maria conseguiu sair da situação de exploração.
Atualmente, Maria está empregada com carteira assinada, morando em um imóvel alugado e se alfabetizando. O acordo de indenização, homologado pela Justiça do Trabalho, garantirá o pagamento de R$500 mil até fevereiro, proveniente da venda de uma casa e uma fazenda pertencentes aos herdeiros da ex-empregadora. Até a conclusão da venda, os dois filhos da patroa estão mantendo o pagamento de um salário mínimo mensal para Maria.
A procuradora do MPT, Camilla Mello, destacou a gravidade da situação vivida por Maria e ressaltou que o acordo proporcionará uma oportunidade para que ela construa uma vida digna. O caso, que ocorreu em Porto Seguro, revelou as condições desumanas em que Maria trabalhou e a importância da atuação dos órgãos de proteção dos direitos humanos para garantir justiça e reparação às vítimas de trabalho escravo.