A fraca demanda global e a continuidade de políticas monetárias contracionistas, principalmente nos Estados Unidos e Europa, resultaram em uma redução da demanda externa, evidenciada por uma queda de 20% no volume de produtos baianos embarcados ao exterior em maio no comparativo interanual. Isso somado à queda de preços em 15,7% na média, que vem ocorrendo de forma generalizada dentre os principais segmentos da pauta, resultaram, pelo terceiro mês consecutivo, em recuo nas receitas de exportação da Bahia em 32,5% no mês passado (US$ 843,3 milhões), em igual comparativo. As informações foram analisadas pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), autarquia vinculada à Secretaria de Planejamento (Seplan), a partir da base de dados da Secretaria de Comércio Exterior, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).
No acumulado dos cinco meses do ano, as exportações baianas acusam retração de 22,7%, (US$ 4,2 bilhões), que também deve ser creditado à alta base de comparação, já que em no mesmo período de 2022, a economia mundial passava pela retomada do consumo pós-pandemia, além dos reflexos da guerra na Ucrânia, que fez que com que houvesse em igual período do ano passado, alta generalizada de preços em diversos produtos, sobretudo petróleo e grãos, principais segmentos da pauta de exportação do estado.
As exportações agropecuárias caíram 30% em maio, em relação ao mesmo mês do ano anterior. A soja (e derivados), que liderou no mês, teve redução de 22% no volume embarcado e de 32% nas receitas, em função da queda de 12,8% em média nos seus preços. Em maio, os preços de todos os produtos agropecuários desabaram seja por fatores externos ou internos. Os contratos futuros da soja recuaram 8,7%, para US$ 13,3260 por bushel, na bolsa de Chicago em maio. O clima nos EUA também influenciou o preço da oleaginosa. Além disso, os bons números da colheita de soja no Brasil contribuíram para a baixa.
No caso da indústria extrativa, também houve baixa de 12,3%, enquanto a indústria de transformação registrou o maior recuo no mês: 36,6%, tanto pela queda nos preços, principalmente do petróleo, quanto pela questão dos preços do gás, que vem encolhendo a produção, no setor químico/petroquímico.
As exportações do setor petroquímico e de derivados de petróleo caíram 14,4% e 60,6% respectivamente em maio, no comparativo interanual, sentindo a forte pressão do ambiente internacional, no que se refere à alta da inflação e os impactos da guerra na Ucrânia na dinâmica de preços dos energéticos. A queda nos preços do refino chegou a 35,2% em maio ante o mesmo mês de 2022. Além disso, no setor petroquímico, novas plantas de polipropileno (PP) e polietileno (PE) entraram em operação na China e nos Estados Unidos, levando ao desbalanceamento entre oferta e demanda e à forte queda nos preços médios do setor (35,7%). A previsão é que esse desequilíbrio deve se sustentar até o fim do ano.
Por sua vez, as importações baianas voltaram a recuar em maio na comparação interanual, em 45,3% (US$ 686 milhões), diante da redução dos preços (21,5%) e queda no volume de compras em 30,4%.
No acumulado do ano, as importações registraram recuo de 17%, alcançando US$ 4,1 bilhões. Um dos fatores que contribuiu para a retração foi a queda nas compras de bens intermediários em 23,7% causada pelo recuo nos preços de adubos e fertilizantes, que levou à redução de 23,1% nas compras do setor no ano – 65,7% só em maio e de trigo (-43,5%). O mesmo vale para o setor de combustíveis que registrou redução nos gastos em 3,2% no comparativo anual. Outro fator que pressionou para baixo as compras externas, no comparativo interanual, foi a menor atividade econômica tanto no estado como no país.