As famílias acampadas e assentadas do extremo sul são referência na diversidade de produção da agricultura familiar, com cultivos como banana, aipim, mandioca, cacau, café, urucum, pimenta do reino e hortaliças.
Antes da pandemia, as feiras livres eram o principal canal de comercialização das famílias, o que foi reduzido ou interrompido a partir de março de 2020. Mesmo com a reabertura de feiras, alguns agricultores continuam com receio e permanecem em casa para evitar a contaminação, utilizando estratégias de vendas implementadas no último ano.
Antônio Ribeiro, de 55 anos, agricultor familiar do Assentamento Paulo Kageyama, no município de Eunápolis, referência no cultivo de hortaliças sem uso de agrotóxico, destaca que a produção do lugar sempre foi para as feiras livres e alguns locais fixos no município, como restaurantes e supermercados.
“Com a pandemia e receio do contágio, parei um tempo e agora venho iniciando aos poucos com a produção e as entregas no município”, disse ele. As famílias do assentamento Antônio Araújo, no município de Prado, já forneceram 1.500 kg de urucum e já têm encomenda para outubro.
Hemilly Marques, do setor de comercialização do MST no extremo sul, avalia que o maior desafio é o fortalecimento da produção agroecológica. “Levar para a mesa das pessoas um produto saudável é uma tarefa que as famílias sem terra vêm fazendo em grande estilo”, destaca lembrando que “já estamos atendendo o PNAE (Plano Nacional Alimentação Escolar) em alguns municípios da região como Alcobaça, onde já foram entregues 2 toneladas de aipim”.