Um indígena de 50 anos foi baleado durante a invasão da Fazenda Japara Grande, localizada no distrito de Cumuruxatiba, no município de Prado, Extremo Sul baiano, na madrugada desta sexta-feira 4. O conflito ocorreu quando um grupo de indígenas ocupou a propriedade, gerando uma situação tensa que resultou em disparos de armas de fogo.
Informações preliminares indicam que o indígena identificado como João Celestino Filho, ferido foi rapidamente socorrido, e até o momento não há informações sobre seu estado de saúde. Áudios que circulam nas redes sociais mostram um desesperado pedido de socorro por parte dos indígenas, confirmando a urgência da situação.
O conflito ocorre cerca de cinco dias após uma comitiva do governo do estado formada secretários estaduais Adolpho Loyola (Relações Institucionais) e Felipe Freitas (Justiça e Direitos Humanos) visitar na região com a missão conversar com as lideranças indígenas e buscar soluções para os conflitos agrários com fazendeiros.
A superintendente de Políticas para Povos Indígenas da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial e dos Povos e Comunidades Tradicionais (Sepromi), Patrícia Pataxó, também fez parte da comitiva. O envio dos dirigentes a Prado aconteceu após reuniões com o setor rural e sindicalista, nos quais o governador Jerônimo Rodrigues determinou a adoção de medidas para pacificar a situação e melhorar as relações no campo, contudo, a falta de um consenso até o momento parece contribuir para a escalada da violência.
A tensão no Extremo Sul tem se intensificado nos últimos meses, principalmente devido aos conflitos agrários envolvendo comunidades indígenas, em especial o povo Pataxó, e os fazendeiros. Os indígenas têm reivindicado terras que consideram ancestrais e que, segundo eles, foram tomadas de suas comunidades ao longo dos anos. Em resposta, fazendeiros alegam invasões de propriedades, com o roubo de produção agrícola e até a expulsão de trabalhadores rurais.
Um grupo de indígenas bloqueou novamente a BR-101, na cidade de Itamaraju, nesta sexta-feira 4, pedindo a liberação de lideranças Pataxó que haviam sido detidas durante a Operação Pacificar, realizada pela Polícia Federal. Eles também exigem mais agilidade do governo federal na publicação de portarias para regularizar a situação das terras indígenas reivindicadas. Para os indígenas, a ocupação das terras é uma forma legítima de “retomada”, já que as áreas são reivindicadas há mais de 40 anos.