O intercâmbio entre os povos indígenas do Sul e Extremo Sul da Bahia, realizado na Aldeia Pequi, território Comexatibá, no município do Prado, abordou o tema “Cuidando de quem cuida, na proteção dos territórios ameaçados” em um evento que reuniu cerca de 80 participantes, entre mulheres, jovens, crianças e anciãs. Com foco na participação feminina, o encontro correu na semana passada e teve como objetivo compartilhar saberes, fortalecer as redes de luta e ampliar os espaços de organização nos territórios dos povos Pataxó, Tupinambá de Olivença e Pataxó Hã-Hã-Hãe.
Para Adriana, cacica do povo Pataxó Hã-Hã-Hãe, o encontro foi de extrema importância para as mulheres indígenas e lideranças, destacando a relevância do cuidado e da sustentabilidade na proteção dos territórios. O evento foi marcado por momentos de espiritualidade, cuidados terapêuticos, rodas de conversa, celebrações e lazer na praia, sob a coordenação de Ubiraci Pataxó, terapeuta indígena, e das lideranças da comunidade anfitriã.
Ingrid, da Aldeia Rio Cahy, ressaltou a importância do cuidado em um contexto de tensão constante, especialmente para as mulheres que vivem em áreas de retomadas. A região em que o encontro ocorreu é impactada por empreendimentos e monocultivos que afetam diretamente os territórios, as águas, as florestas e o clima, refletindo um modelo de desenvolvimento que historicamente expropria recursos naturais e concentra riquezas em oligarquias.
Com o apoio do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) Regional Leste, Adveniat e Misereor, o intercâmbio busca fortalecer o protagonismo e a participação das mulheres indígenas, promovendo a troca de experiências, o cuidado mútuo e a defesa dos territórios em um contexto de desafios e ameaças. A iniciativa destaca a importância do cuidado e da proteção dos territórios como pilares fundamentais para a preservação da cultura, da natureza e da vida das comunidades indígenas na região do Extremo Sul da Bahia.