Num dos mais duros discursos já feitos até agora contra o governo, o prefeito ACM Neto (DEM) afirmou que, “como baiano, não quer um governador mais ou menos, mas o melhor governador da minha terra”, ao encerrar a convenção estadual realizada pelo PSDB em Salvador, no último sábado, na qual o deputado federal João Gualberto foi reeleito presidente do partido. Recebido aos gritos repetidos de “governador” e aclamado como candidato à sucessão estadual pelos tucanos, o prefeito começou citando seu projeto de reconstruir na área do antigo Aeroclube o Centro de Convenções, equipamento estadual interditado há mais de um ano desde um desabamento, com uma crítica ao que considera a Bahia do presente e aquela que pode ser a do futuro, sob um eventual governo seu.
Apesar de ter evitado se apresentar como candidato ao governo, ao afirmar que não podia prever o que acontecerá em 2018 nem poder confirmar sua candidatura naquele momento, o prefeito deixou claro que quem o conhece sabe que não se furta ao bom combate nem lhe falta vontade para se unir aos baianos em torno de uma disputa eleitoral pelo Estado, desde que esta seja a vontade da sociedade. Lembrando da parceria antiga com os tucanos, ele recordou que, assim como em 2012, o PSDB foi dos primeiros partidos a se unir a ele, permitindo que se alterasse a cara de uma cidade que estava destroçada, e que a unidade entre as duas legendas nunca se deu com o propósito de conquistar mais poder, mas por valores e propósitos de servir à população.
“Da mesma forma que em 2012, agora em 2018 estamos unidos para mudar o futuro da Bahia e também do Brasil”, declarou, referindo-se à crise interna do PSDB nacional como natural e destacando que a agremiação tem um papel fundamental nos destinos políticos do país, já que foi capaz de resistir, junto com o DEM, a um governo que quebrou o país. “Vou trabalhar para que o PSDB e o DEM estejam juntos num mesmo palanque de um candidato a presidente da República”, declarou, recebendo ainda mais aplausos. Ao falar sobre o Estado, Neto disse que não adianta só olhar a capital e a Região Metropolitana de Salvador, mas que é necessário levar emprego e benefícios à população pobre do interior. “É preciso ajudar os prefeitos, construir creches. Olha a educação”, declarou, acusando o governo de hoje fechar escolas.
“Em 12 anos, é o pior IDEB do Brasil”, declarou, afirmando ainda que a violência se espalhou pelo Estado e não se vê “uma reação firme do governador”. “(A violência) não é um problema apenas nacional e da crise. É de falta de autoridade e de pulso do governador”, atacou, acrescentando que quando o governo e o PT lhe acusam de ter impedido a concessão de empréstimos ao Estado é para esconder sua própria incompetência. “Vejam o período de cinco anos em que governei sem o apoio do governo do Estado e do Federal. Mas vocês me viram reclamando ou culpando alguém? Nâo, eu fui trabalhar. Essa é a nossa diferença de governar da deles”, declarou, observando que “eles, quando têm recursos federais, fazem algumas obras, mas com recursos próprios não fazem nada”.
O prefeito argumentou que em sua gestão 98% das obras são com recursos do município. “É preciso um governador retado para a Bahia, que coloque o Estado na vanguarda. A Bahia tem que ser líder neste país e não será com Rui Costa”, finalizou, deixando a tribuna para tirar selfies com os convencionais do PSDB.