Cinco artistas plásticos baianos levam sua arte até Lisboa, em Portugal com a exposição de arte ‘A Bahia no Peito, Independente de Qualquer Coisa’, que propõe reflexões acerca do bicentenário do 2 de julho. De 28 de junho a 4 de julho, a mostra, que tem camisetas como tela possibilitando que o corpo se torne um espaço itinerante de exposição, poderá ser conferida no Acarajé da Carol, na rua da Rosa 63, no Bairro Alto. As camisetas estarão à venda.
Cristiane Paula, Eduardo Pitta, Ivonildes Sotero, Jacira Cabral e JOliveira trazem visões, provocações e reflexões sobre o movimento. De acordo com os artistas, o 2 de julho é uma guerra travada na Bahia no processo de independência do Brasil, conquistado por povos, que de algum modo, ainda permanecem excluídos da sociedade brasileira. São artistas baianos que produziram obras tendo a camiseta como tela, que possibilitam que o corpo se torne um espaço itinerante de exposição.
Uma das obras do artista Eduardo Pitta, inspirada na figura de Carmem Miranda, retrata o paradoxo entre a artista, uma portuguesa que ganhou o mundo vestida de baiana, e Carol do Acarajé, uma baiana que vem ganhando o mundo sendo uma baiana de Acarajé. “É uma releitura da obra de Magritte ‘Isto não é um Cachimbo’. No caso da minha, torna-se ‘Esta não é uma Carmem Miranda”, explica.
Outras obras
Cristiane Paula pintou sobre o protagonismo feminino da luta pela independência na obra ‘Força da Águas da Bahia’. Já Jacira Cabral representa a presença do povo durante os festejos anuais do 2 de julho que ajudam a deixar a memória viva com a obra ‘O Poeta da Flores’, representando um personagem da festa que anualmente mostra poemas e distribui flores durante os festejos.
JOliveira propõe um questionamento sobre a arquitetura dessas relações colonizado-colonizador. Quais muros foram erguidos? Que muralhas foram derrubadas e quais ainda precisam ruir? Que arquitetura protege esses povos dos problemas históricos e quais nos somou como cultura e merecem a preservação?
Já Ivonildes Sotero inicia sua reflexão a partir do lugar de apagamento dos anônimos, trazendo à tona possíveis histórias que (des)contaram nos livros e que ainda poderão vir à luz. “Esta narrativa continua viva. É mesmo crível que os anônimos fizeram história, mas eles não têm nome. O que têm mesmo é o sofrimento, a falta de liberdade para viver, o luto, a ruptura dos sonhos, a fuga para salvar quem ama… Isso se chama dor”, finaliza.