Desde o final da semana passada, o setor produtivo brasileiro vive uma expectativa frustrada diariamente: a de que a greve dos caminhoneiros chegue ao fim. Mas, mesmo que a mobilização se encerre imediatamente e que os caminhões que bloqueiam estradas ao redor do país voltem à rotina de trabalho, o consumidor terá que preparar o bolso para mais aumentos nas próximas semanas.
Isso porque os estoques de produtos, principalmente de alimentos perecíveis, ainda vão demorar para ser regularizados. A economia baiana, que apresentou pouco crescimento nos últimos meses, e os setores de comércio e de serviços devem retrair ainda mais.
A greve deve afetar o desempenho da economia no segundo trimestre e, consequentemente, no ano. “A paralisação certamente vai prejudicar ainda mais a economia. Se nos últimos índices divulgados já houve uma queda geral tanto nos serviços quanto no comércio, imaginem após essa greve, em que todos os setores foram afetados”, pontua o coordenador de disseminação de informações do IBGE na Bahia, André Urpia.
Segundo ele, não dá para prever de quanto será o impacto nos serviços e no Produto Interno Bruto (PIB) do estado, já que cada cadeia produtiva tem um ciclo de vida. Mas, para se ter uma ideia, o volume de serviços de janeiro a março desse ano teve queda de 6,2% na Bahia em relação ao mesmo período do ano passado, enquanto o comércio baiano apresentou retração de 0,6% nos três primeiros meses em 2018 em relação ao mesmo período de 2017.
No caso da região do extremo sul baiano, que compreende 21 municípios, o atenuante e que é o fato de ser uma região eminentemente produtora, fator que pode contribuir para uma reação mais rápida.
Efeitos a curto prazo
Viagens perdidas, o leite jogado fora, animais mortos e aumento no combustível e nos preços de alimentos perecíveis, já estão pesando no bolso dos empresários e consumidores. Porém, alguns desses efeitos, incluindo aumento de preços de alimentos e efeitos na inflação, ainda serão sentidos semanas após a greve. “É difícil prever como vai ser a recuperação, porque alguns setores demandam tempo de abastecimento”, afirma o economista da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), Denilson Lima. Carnes, frutas e verduras – que deterioram mais rápido – devem ter alta de preços mais evidente.