Como a mancha de óleo já percorreu mais de 2500 quilômetros desde o Maranhão, o temor de que ela toque os recifes do Parque Nacional Marinho de Abrolhos, no extremo sul baiano, é cada vez mais tangível. “Tudo o que vimos até agora é muito triste e preocupante. Mas nada poderia ser pior do que isso chegar lá”.
Na última sexta-feira, 25, o óleo chegou em grande volume numa praia de Ilhéus, no Sul da Bahia. Por terra, a cidade está cerca de 400 quilômetros ao norte da região de Abrolhos.
O “isso”, no caso, são as manchas de óleo que há quase dois meses invadem o litoral nordestino sem qualquer tipo de contenção efetiva. “Lá” é a região de Abrolhos. E quem faz esta afirmação em tom de pesar é a professora do Instituto de Geociências da Universidade Federal da Bahia (Ufba) Zelinda Leão, que desde a década de 1970 estuda os recifes de coral ali presentes.
Trata-se da mais extensa bancada de corais do Brasil e do Atlântico Sul, que resguarda, justamente por causa disso, a maior biodiversidade marinha da porção sul do Atlântico, com mais de 1.300 espécies já registradas entre fauna e flora.
“Estamos rezando pra não chegar lá. Toda essa riqueza, essa diversidade, só existe por causa dos corais. Alguns ali são únicos no mundo, têm muitas características particulares, que chamam a atenção desde 1832, quando Charles Darwin esteve em Abrolhos”, observa Zelinda Leão.
Ao G1, a oceanógrafa física Mariana Thevenin. explica que “a tendência é que esse óleo siga migrando para o sul. Pode ser mais rápido ou mais lento, por questões de densidade ou pela força do vento, mas está claro que ele está descendo”.